História de Mairiporã

Significado do Nome

"Mairiporã" é um termo oriundo da língua tupi que significa "água bonita de Maíra", através da junção dos termos maíra ("entidade mitológica tupi, que os índios associavam aos franceses"), 'y ("água") e porang ("bonito").

"Pré-história"

O povoamento do Juqueri

As origens do município de Mairiporã remotam ao período colonial brasileiro. A povoação começou por volta de 1600 e deveu-se principalmente a atuação dos padres jesuítas e á expansão do bandeirismo paulista a partir do surgimento da cidade de São Paulo, á margem esquerda do Rio Tietê.

Nesse processo da expansão, dois obstáculos dificultavam a penetração ao norte para o interior e o povoamento da nossa região: a transposição dos rios Tamanduateí e Tietê (rio fundo) e a Serra do Ajunhá (lugar cheio deespi-nhos)- hoje chamada Cantareira-, que se apresentavam como uma sólida parede sul ao norte do centro urbano nascido ao redor do Colégio Piratininga.

As datas exatas da fundação de Juquerí e de sua elevação a freguesia são desconhecidas. Sabe-se, no entanto, que o povoamento começou no século XVll, depois das primeiras cartas de doação que destinaram sesmarias na região do Rio Juquerí.

Os Pioneiros

Em 1610, um dos mais antigos moradores de São Paulo,chamado Salvador Pires de Medeiros, patenteado capitão-da-gente, recebeu doação de uma sesmaria do loco-tenente Gaspar Conqueiro. Essa sesmaria ia da margem direita Anhembi, pelo sertão adentro subindo a Serra da Cantareira ”até as margens do Rio Juquerí”.

Salvador Pires de Madeiros, seus filhos e genros des-bravaram essa gleba de terras e abriram uma picada na mata até ás margem de Rio Juquerí. Estabeleceu-se nos altos da Serra do Ajunhá e fundou uma capela de louvor á ”gloriosa mártir Santa Inês” homenageando a sua esposa Inês Monteiro Alvarenga, que anos depois ficaria conhecida como ”a matrona”. Nesse mesmo período outros desbravadores transpunhavam a Serra da Cantareira mais ao norte, até a Pirucaia (peixe grande queimado) e o Ribeirão Guabirotuva (lugar de gabirobas) que deságua no ”Juquerí Aririba”. Essa picada foi aberta á partir do aldeiamento dos índios Guaromenis, chamado Guarulhos (barrigudinhos), descendentes dos Guaiaz, nas redondezas da Capela de Nossa Senhora da Conceição, fundada por volta de 1560 pelo padre jesuíta João Alvares.

Novas Terras

A partir da abertura desses dois caminhos ligado a cidade de São Paulo ao vale do Rio Juquerí, várias sesmarias foram distribuídas nesta região que paulitinamente começou a ser ocupada por colonos de origem portuguesa. É preciso esclarecer que as terras do Juquerí que foram doados em sesmarias, neste período, compreendiam toda a região por onde passavam o rio antes das mudanças de cursos realizados para a construção do Sistema cantareira. Para efeitos legais iam do “Juquerí-assu”, no foz do rio; adentravam o Rio Juquerí, onde se localizavam Mairiporã e Franco da Rocha; chegavam ao ”Juquerí-campo”, provavelmente onde está o bairro do Rio Acima, hoje terminavam no ”Juquerí-Arriba”, até as nascentes do rio; localizados entre os atuais municípios de Nazaré e Santa Isabel.

Os primeiros donatários de Juquerí foram: Salvador Pires de Medeiros (1607); Custódio de Paiva (1608); Beatriz Diniz, Jorge Corrêa, Suzana Dias e Vivência da Costa (1610); Braz Cardoso, Francisco Rodrigues Velho, Manoel da Costa, Pedro Moraes Aragonês (1638); Antonio Pedroso, Antonio Pires, Antonio Rodrigues Ribeiro, Diogo Martins, Domingos da Silva, Ines Monteiro, Jaques Felix (Por herança), Salvador Pires de Medeiros, Sebastião Freitas, Simão Borges (o moço) (1640); capitão Francisco da Fonseca Falcão, Gaspar Sardinha da Silva, Gregório Fagundes, Paulo Pereira e Francisco Rondom (1641); Salvador de Paiva e José Ortiz de Camargo (1642) e Francisco Xavier Pedroso, Agostinho Pereira da Silva, Bartholomeu Bueno Pedroso, Joaquim Soares, João Pedroso da Cunha, Rodrigo Bicudo da Silva (por herança) e Pascol Fernandes Sampaio (entre 1720 e 1785).

A Povoação

Através dos raros documentos e relatos sobre a época, pode-se concluir que dessas, os mais importantes para o povoamento de Mairiporã foram: Salvador Pires de Medeiros, sua esposa Inês Monteiro de Alvarenga e os filhos Alberto Pires, Isabel Pires de Medeiros, Maria Pires de Medeiros, Ana Pires de Medeiros Ribeiro e Sebastião Fernandes Preto (um importante sertanista), Amador Bueno da Ribeiro (que chegou a aclamado rei de São Paulo), Antônio Pires,Bartholomeu Bueno (velho) e José Ortiz de Camargo, donatário das terras onde se localiza a cidade de Mairiporã.

Os filhos de José Ortiz de Camargo, que era sevilhano, Jêronimo e Marceline foram responsáveis pela transposição do Rio Juquerí e pela fundação da fazenda e da capela em louvor a São João de Gratibaia, hoje município de Atibaia.

O professor e jornalista Ernani Silva Bueno explica o aparecimento dos povoados a partir da fundação de São Paulo como resultado “da arranjação e fixação de moradores em algum lugar para estabelecer sítio da louvora ou da criação, lavras mineração ou ranchos e vendas para abastecimento de tropeiros e viajantes e da condensação desses vizinhos moradores primitivos”. Continua o iminente historiador dizendo que “Formado o povoado ou o arraial com sua capela, torna-se ela “capela-curada” ou “freguesia tendo em vista ao número de seus moradores e também a distância a que eles estavam situadas da igreja ou dos sacerdotes.

Integração

A integração da freguesia de Juquerí com São Paulo sempre foi um obstáculo ao desenvolvimento.

Foi ainda no século xvii, depois construção por Antônio de Souza Del Mundo da Capela em louvor a Nossa Senhora do Desterro por volta de 1640 que o povoado de Juquerí foi reconhecido como freguesia.

Documentos da época comprovam que a freguesia produzia vinho e algodão. Há um relato sobre a importação de videiras italianas por Salvador Pires de Medeiros, que sendo portugueses, exportava a sua produção para Portugal. O testamento de Diogo Pires fala da sua produção de algodão.

Os Eleitores

Em 1664, foram convocados três homens das freguesias do Caguassum, São Miguel, Santo Amaro, Juquerí, Canceira, Fonte, Cotia, e Guarulhos para participar de uma eleição no Tremembé (alagado e bajo). A freguesia de Juquerí contava então com novos eleitores: Antônio Brito, Domingos Leite, Manoel Fonseca Osório, Manoel Rodrigues de Moraes, João Baroel, Francisco da Silva, Pedro Fernandes Aragonês, Antônio de Souza Del Mundo e Loureço Francisco.

Os anos de 1700 foram difíceis para a freguesia de Juquerí: primeiro para expulsão dos padres jesuítas que assistiam ás missas, freguesias, paróquias e aldeamentos ao redor de São Paulo e, segundo pela mudança do lixo econômico da colônia para as Minas Gerais depois do descobrimento de enormes Jáziadas de ouro e pedras preciosas.

História

Em sua evolução, a área de Mairiporã, inicialmente chamada de Juqueri (planta leguminosa conhecida como dormideira), se configurou à maneira de outros núcleos de povoamento ao redor da Vila de São Paulo, servindo como proteção desta e ponto de apoio às rotas de ligação com o sertão interior. O povoado surgiu em fins do século XVI ou meados do século XVII, em torno da Capela de Nossa Senhora do Desterro, erguida por Antonio de Souza Del Mundo. Ao redor da Capela, e funcionando como apoio elementar de serviço às atividades rurais, originalmente exclusivas na área, surgiu um núcleo dotado de interessante traçado e capacidade de adaptação ao sítio pouco favorável de sua implantação. Inseriu-se inicialmente na área de domínio administrativo de São Paulo e posteriormente a de Guarulhos.

Em 1696, o povoado foi elevado à categoria de Vila de Nossa Senhora do Desterro de Juqueri, palavra tupi que designa uma planta leguminosa, conhecida também como dormideira. No ano de 1783 passou a ser paróquia; a capela transformou-se em igreja e passou por diversas modificações (1841, década de 1940 e 1982). A última reforma descaracterizou o antigo templo, conservando apenas a torre. A Vila de Juqueri adentrou o século XVIII como fonte de produtos agrícolas para São Paulo, chegando a produzir algodão e vinho para exportação. Não prosperou como outras localidades inseridas nas regiões das lavras de ouro e pedras preciosas, caracterizando-se como pouso de tropeiros que faziam o abastecimento das Geraes.

Em 1769, a Câmara paulistana determinou a abertura de uma estrada entre Juqueri e São Paulo. O "Caminho de Juqueri" transformou-se mais tarde na Estrada Velha de Bragança. Antes Distrito da Capital (1874 a 1880) e de Nossa Senhora da Conceição de Guarulhos (1881 a 1888), Juqueri passou a ser município por meio da Lei Provincial 67, de 27 de março de 1889. Um ano antes da emancipação, a São Paulo Railway (Estrada de Ferro Santos-Jundiaí) construiu a Estação do Juqueri. Em 1898, o Governo do Estado inaugurou o Hospital-colônia de Juqueri para doentes mentais, dirigido pelo médico Franco da Rocha. A associação do nome de Juqueri ao hospital, causando confusão na entrega de correspondências e desconforto entre os juquerienses, criou um movimento para mudar o nome do município. Em 1948 o prefeito Bento de Oliveira solicitou à Assembléia Legislativa autorização para a mudança. Na ocasião, o deputado Ulisses Guimarães apoiou o pedido e pronunciou a célebre frase: "Juqueri, terra de loucos. Loucos por cidadania". No dia 24 de dezembro daquele ano, foi aprovada a Lei 233, permitindo a mudança do nome do município. O nome Mairiporã, entre outros de origem tupi, foi sugerido pelo jornalista e poeta Araújo Jorge. [1]


  • Imigração Japonesa em Mairiporã

    As primeiras dez famílias chegaram em 1913, lideradas por Akimura, natural de Kumano. A colônia japonesa de Mairiporã é uma das mais antigas do Brasil, juntamente com as colônias de Cerqueira César e Iguape.Estas famílias deram novo impulso a cidade, principalmente pelo trabalho na agricultura. Em outubro de 1913, Chōju Akimura e outras nove famílias teriam adquirido lotes de terra em Juqueri. Anos mais tarde, foi estabelecida a Cooperativa Agrícola do Juqueri, que no pós-guerra transformar-se-ia no principal reduto da imponente Cooperativa Agrícola Sul-Brasil. Nos anos seguintes, centenas de outras famílias japonesas chegaram a Juqueri.


  • A partir de 1950 e atualidade

    Na década de 1950, Mairiporã foi marcada pela vinda da Companhia Cinematográfica Multi Filmes, dirigida pelo cineasta Mário Civelli. Hoje, ainda existem os barracões da companhia, onde foi rodado o primeiro filme colorido no Brasil.

    Com a implantação da Rodovia Fernão Dias, ligação de São Paulo para Minas Gerais, houve uma redescoberta e valorização intensa de Mairiporã, em razão dos atributos naturais da região para abrigar residências secundárias de alto padrão (lazer/recreio) e posteriormente para moradia fixa. O boom imobiliário ocorreu a partir do final da década de 1970 e anos 1980. A esse movimento contrapôs-se a Lei de Proteção dos Mananciais (leis estaduais 898/75 e 1 172/76), para preservação dos recursos hídricos responsáveis pelo abastecimento de grande parte da população metropolitana. Em 1992, a região da Serra da Cantareira foi reconhecida como Patrimônio da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. [2]

    Vale destacar o potencial que a cidade possui para a fixação de residências secundárias desde os anos 1960 e 1970. Em Mairiporã, há diversos condomínios e sítios, servindo tanto para moradia fixa como para veraneio. [3]

    Bandeira da Cidade de Mairiporã


     

    Brasão da Cidade de Mairiporã



    Referências:

    [1] Prefeitura Municipal de Mairiporã >> Sobre Mairiporã. Disponível em http://www.mairipora.sp.gov.br/sobre-mairipora/

    [2] Mairiporã - Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Mairipor%C3%A3

    [3] Tudo sobre Mairiporã << Guia da Cidade. Disponível em http://www.encontraspmairipora.com/mairipora/